É fácil seguir a água pelos córregos, ribeirões e rios até o mar. Mas e o caminho inverso? Como a água, depois de percorrer um mundo inteiro, reaparece ali, brotando da terra como se nascesse do nada? A resposta é antiga, invisível, e tem tudo a ver com o ciclo da vida. A água das nascentes vem de um movimento contínuo que liga céu e solo: evaporação, condensação, chuva, infiltração. É o ciclo hidrológico, comandado pela força silenciosa do sol.
Quando a chuva cai, parte dela escorre pela superfície. Mas outra parte — a mais preciosa — penetra no solo, alimenta os lençóis freáticos e se acumula em aquíferos subterrâneos. Lá embaixo, longe dos olhos, essa água se desloca por entre as rochas, até encontrar uma fissura, uma bica, um minadouro. E ali nasce: brota do chão como quem retorna de uma longa viagem. As nascentes são, na verdade, a água que volta.
Mas para que isso aconteça, o solo precisa estar vivo e protegido. Precisa de raízes, de cobertura, de tempo. Sem vegetação nativa, a água não infiltra. Escorre, evapora, se perde. As matas de galeria — aquelas que acompanham os rios — são as grandes guardiãs do ciclo. E sua presença é indispensável para que a nascente continue sendo nascente, e não apenas memória.
Na Tapera Eco, cuidar das nascentes é cuidar da continuidade. É garantir que o Cerrado siga sendo o berço das águas do Brasil. Quando preservamos uma floresta, não estamos apenas protegendo árvores — estamos garantindo que a água continue brotando de onde ela sempre veio: do profundo abraço entre floresta, solo e sol.